No ano letivo 2018-2019, o Colégio São Gonçalo de Amarante – Escola Católica (CSG-EC)  introduziu um curso de mini-bridge no programa de uma disciplina do 9.º ano chamada “STEaM” (acrónimo de Se Tens Exame a Matemática…), criada como oferta complementar especificamente para esse efeito. Fruto de um protocolo com a Associação Regional de Bridge do Norte (ARBN), durante todo o 2.º período, 84 alunos tiveram a oportunidade de participar num projeto piloto e pioneiro a nível nacional, ao integrarem o bridge como conteúdo curricular obrigatório na sua formação, objeto de uma planificação e de avaliações formativa e sumativa, homologamente às aprendizagens essenciais de  Matemática ou  Físico-Química, por exemplo, em vigor no atual sistema de ensino português do terceiro ciclo do ensino básico. A iniciativa surgiu por proposta do Diretor Pedagógico do Colégio ao Presidente da ARBN, Dr. Luís Miguel Álvares Ribeiro, que viram no projeto um vaso comunicante entre a flexibilidade curricular e a captação de novos e jovens federados.

Do ponto de vista pedagógico, no 1.º período letivo a disciplina teve como génese uma forte ligação com Matemática, na qual um professor da área aplicou a metodologia de resolução de problemas em situações promotoras do cálculo mental e do raciocínio determinístico em várias áreas. Esse estímulo inicial seria alavancado no 2.º período, através da aplicação ao mini-bridge de algumas ferramentas dedutivas previamente adquiridas, num contexto diferenciador das oportunidades criadas nas disciplinas mais tradicionais do currículo.
A lecionação do curso ficou a cargo do monitor e árbitro nacional Pedro Álvares Ribeiro, coadjuvante nesse período do professor titular da turma.  Do ponto de vista “desportivo”, o curso também tinha como objetivos fomentar as vertentes social e ética, aliadas à competição. Um “bom aluno” na disciplina foi aquele que interiorizou a mecânica do jogo no domínio do vocabulário fundamental e na postura à mesa, e que respeitou regularmente um algoritmo inicial determinado pelo monitor. No final do ano letivo foi elaborado um relatório que elencou a vertente técnica de todo o processo, tendo sido feitas auto e heteroavaliação por todos os intervenientes: ARBN, Colégio, monitor, professores e alunos.

Avaliado o impacto do projeto piloto, o CSG-EC decidiu pela criação e inclusão da disciplina “BRIDGE” já em 2019-2020, mas agora no 7.º ano de escolaridade. O novo protocolo com a ARBN foi agora revisto e alargado à Federação Portuguesa de Bridge (FPB), que assume o compromisso de monitorizar os novos praticantes durante o terceiro ciclo do ensino básico nas diferentes fases e níveis do jogo, com uma duração de 3 anos letivos. Estamos a trabalhar para podermos ter uma representação internacional de Portugal nas camadas mais jovens já no próximo ano, o que seria a primeira vez que o país participaria em campeonatos sub-16, tal como é referido no boletim da FPB de novembro, que incluiu um artigo sobre o CSG-EC.

Sendo o bridge um “desporto” pouco conhecido, importa salientar que à semelhança do xadrez é considerado um dos desportos da mente, já enraizados na cultura competitiva e social escolares desde muito cedo em França, Itália, Suécia, Estados Estados Unidos e China, por exemplo. Ao contrário do xadrez, que é um jogo puramente individual, o bridge pode ser mais estimulante do ponto de vista social e competitivo, com uma curva de aprendizagem praticamente inesgotável. No final do próximo ano letivo será feito o balanço global desta iniciativa.

Pedro Alves
(Diretor Pedagógico)

 

BOLETIM DA FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE BRIDGE

A RELAÇÃO DO BRIDGE NA MOBILIZAÇÃO DE CONHECIMENTO