Os resultados nacionais do estudo Health Behaviour in School-aged Children/Organização Mundial de Saúde (HBSC/OMS), que contou com a Direção-Geral da Saúde (DGS) como um dos parceiros, conhecido no início do mês de dezembro, refere que apesar de a maioria dos jovens portugueses se considerar feliz (72,3 %), a perceção de infelicidade aumentou durante a pandemia de covid-19. O estudo HBSC/OMS foi realizado em 51 países e, em Portugal, inquiriu 5809 jovens do 6.º, 8.º, 10.º e 12.º anos, de 40 agrupamentos escolares. A deterioração da perceção de bem-estar/saúde mental nos jovens portugueses estende-se a outras conclusões nesse estudo: 21 % dos inquiridos sentem-se nervosos, 15,8 % irritados ou de mau-humor, e 11,6 % tristes quase todos os dias. A ausência de exercício físico, aliada a uma constante supervisão parental no que concerne à autonomia na gestão dos conflitos, já é considerada por alguns especialistas em Motricidade Humana, como o Professor Carlos Neto, como a próxima pandemia geracional. O ser humano é, por natureza, curioso e a Escola é um meio que deve fomentar essa caraterística. Mas aquilo que sentimos é que a própria Escola e os Pais ficam, obviamente, bastante preocupados com a segurança dos seus “filhos” e sobrevalorizam a avaliação assente em classificações, mas não lhes promovem momentos que estimulem o erro, o perigo controlado e até o confronto de pares, numa ânsia de criar numa bolha um algoritmo idealizado para o seu futuro. Mas essa visão tem muitos ciclos condicionantes. Inibir crianças de caminhar em muros, saltar na lama, trepar às árvores, jogar à bola com chuva ou simplesmente experimentar é contribuir para uma cidadania inativa que se vê refletida na passividade de algumas aulas e que acaba por contagiar os professores, mesmo que inadvertidamente. O Colégio percebe a realidade atual das rotinas sociais dos Pais e Alunos, mas não deixará de exercer o seu papel na construção de jovens curiosos e até, espante-se, criar momentos de frustração. Externamente à sala de aula, foram abertos novos espaços de convívio, inibido o uso de componentes eletrónicos nos recreios e criada uma sala móvel com jogos de tabuleiro muito diversificados, em teste com alunos do 1.º Ciclo. São pequenos passos para o autoconhecimento que trazem benefícios cumulativos que podem ajudar-nos a passar de um aparente estado de negatividade geracional para um estado de felicidade.
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